6 vinhos icônicos da França que todo enófilo sonha em provar
Esses vinhos emblemáticos representam a excelência da produção vinícola do país e ter a chance de degustar um deles é uma experiência memorável
Considerada o berço do vinho, a França é um país com rica história e tradição vinícolas que remontam a séculos. Ter a oportunidade de degustar vinhos icônicos da França, que representam a excelência da produção vinícola do país, é poder desfrutar de uma experiência sensorial singular.
As diversas regiões produtoras do país, cada uma com seu terroir único, produzem alguns dos vinhos mais icônicos e desejados do mundo.
Hoje trouxe uma lista com 6 vinhos icônicos da França, para desvendarmos suas características, origens e o que os torna tão especiais. Mas vale destacar que este é um número pequeno em meio a tantos vinhos especiais que a França produz, pois a relação é certamente mais ampla do que esta.
Neste artigo você vai ver
1. Château Lafite Rothschild
Produzido na região de Pauillac, em Bordeaux, o Château Lafite Rothschild é um dos mais prestigiados do mundo, reconhecido por sua elegância e incrível capacidade de envelhecimento, que não poderia ficar de fora dessa seleção de vinhos icônicos da França.
Essa propriedade possui uma história longa e rica que remonta ao século XVII. Ao longo de centenas de anos, o vinho foi apreciado por reis, rainhas e outras figuras importantes da história. Em 1855, o Château Lafite Rothschild recebeu a maior honraria possível de um vinho do Médoc e desde então ostenta a classificação de premier grand cru classé. Foi então em 1868, que o barão James de Rothschild adquiriu a propriedade, mantendo a alta qualidade de seus vinhos que perdura até os dias atuais.
O nome Lafite deriva do termo la hite – a colina – e não por acaso. Os 100 hectares de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot situam-se em um morro de cascalho de frente para o Estuário do Gironde.
Com uma produção limitada, o Château Lafite Rothschild é um vinho de qualidade impecável. A colheita é manual, com as uvas cuidadosamente selecionadas. A fermentação acontece em tanques de aço inox ou em grandes tonéis de carvalho, normalmente com leveduras naturais, e o vinho passa por um longo processo de envelhecimento em barricas.
Notas de tabaco e chocolate amargo mesclam-se a aromas intensos de frutas negras, além de toques de pimenta-preta e notas de grafite. Muito complexo, traz taninos poderosos e um final longo e persistente.
2. Domaine de la Romanée-Conti
Originário da Borgonha, o Romanée-Conti é um vinho tinto grand cru, feito na região de Côte de Nuits, em Vosne-Romanée, considerado um dos mais raros (e cobiçados) do planeta. Não é à toa que sua produção anual, a qual dificilmente ultrapassa 40 mil garrafas, dependendo da safra, justifique sua reputação – e preço! Um exemplar do ano de 1945, classificado como um dos melhores do Domaine, foi arrematado em um leilão em Nova York, em 2018, por US$ 558 mil, o equivalente a R$ 2,8 milhões na época.
A história do Domaine de la Romanée-Conti remonta ao século XIII, quando os monges da Abadia de Saint-Vivant cultivavam uvas na região. Ao longo dos séculos, o vinho passou por diferentes proprietários, até ser adquirido pela família de Conti no século XVIII. Atualmente, os coproprietários do Domaine são as famílias Leroy e de Villaine.
Os vinhedos são cultivados de forma orgânica, com algumas experiências biodinâmicas e de mínima intervenção, a fim de respeitar o equilíbrio e traduzir o mais fiel possível a qualidade do terroir, onde a Pinot Noir brilha. O resultado são vinhos com aromas delicados de frutas vermelhas, flores, especiarias e notas terrosas conforme o envelhecimento. Seus taninos sedosos e acidez equilibrada criam um final elegante e persistente, com uma textura aveludada e um sabor complexo.
Muito mais do que potência, o Romanée-Conti impressiona pela sutileza e elegância, que aliadas à sua qualidade excepcional, o tornam um vinho extremamente valioso e apreciado por colecionadores e entusiastas.
3. Château Margaux
Outro vinho tinto lendário de Bordeaux, o Château Margaux é um clássico da região. Esse premier cru classé tem em sua base a Cabernet Sauvignon, com interessantes “pitadas” de Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot, cuja composição varia conforme o ano.
Conhecido pelo equilíbrio entre finesse e frescor, este vinho icônico da França apresenta aromas elegantes e frescos, com toques florais, e taninos sedosos, com extraordinária capacidade de evolução.
Sua história antecede ao século XII, quando pertencia à aristocracia francesa e era conhecido como La Mothe de Margaux, que se referia a uma pequena parte de terra em ascensão e que na época produzia açúcar de beterraba.
A viticultura chegou na região apenas em meados do século XVI, mesma época em que a família Lestonnac adquiriu a propriedade. Com 90 hectares em produção, o Château está nas mãos da família Mentzelopoulos desde 1977.
4. Château Haut-Brion
Um dos mais antigos de Bordeaux, o Château Haut-Brion foi o único fora de Médoc (em Pessac-Léognan), a ter a classificação de premier cru em 1855. Ao longo de sua rica história, foi propriedade de figuras importantes, como o Duque de Richelieu e o Príncipe de Condé, sendo adquirido pela família americana Dillon em 1935. Atualmente, o Príncipe Robert de Luxemburgo administra a propriedade, ao lado de Jean Philippe Delmas, responsável pela parte técnica.
Com terroir privilegiado, há alguns quilômetros da cidade de Bordeaux, seus 45 hectares são compostos por um solo de cascalho com nove metros de profundidade, o que resulta em vinhos de sabor intenso, com notável equilíbrio entre notas frutadas e terrosas.
A base é a Cabernet Sauvignon, mas com a generosa contribuição da Merlot no corte, o vinho Haut-Brion fica menos austero que seus pares do Médoc. Com aromas de frutas vermelhas e negras, além do toques florais quando jovem, desenvolve aromas complexos de couro, tabaco e trufas. Definitivamente, o Haut-Brion exige envelhecimento; as safras de 1970, 1971, 1975, 1978 e 1979 alcançaram seu auge não faz muito tempo.
5. Château Mouton Rothschild
Inicialmente chamado Château Brane-Mouton, mudou de nome quando o barão Nathaniel Rothschild adquiriu a propriedade em 1853, situada na região de Pauillac, em Bordeaux.
Na classificação de 1855, recebeu a denominação de segundo vinhedo, sendo promovido a premier cru em 1973. Muito disso mérito do barão Philippe de Rothschild, que assumiu a propriedade em 1922.
Também graças ao barão e seu amor pela arte, desde 1945 uma tradição foi registrada. A cada safra, a vinícola convida um artista renomado para criar uma obra original que irá ilustrar seu rótulo. Salvador Dalí, Joan Miró, Pablo Picasso, Andy Warhol e Francis Bacon são alguns dos nomes que já assinaram as garrafas do Mouton Rothschild.
A característica marcante desse vinho é a profunda concentração de sabor da Cabernet Sauvignon, que remete a notas de cassis. Muito complexo e opulento, ele carrega taninos poderosos, bem como possui uma grande capacidade de evolução.
6. Château d’Yquem
Desta lista de vinhos tintos, o Château d’Yquem é o único branco. Aliás, trata-se de um vinho doce único e excepcional, considerado por muitos como o melhor vinho do mundo em sua categoria. Classificado como premier cru supérieur em 1855, ele é produzido na região de Sauternes, em Bordeaux, com as uvas Sémillon e Sauvignon Blanc.
As condições para que este néctar dourado exista são tão específicas que explicam o porquê deste vinho ser espetacular. As manhãs enevoadas de outono, seguidas por tardes secas de sol, permitem o desenvolvimento de um mofo “benéfico”, o botrytis cinerea, que ao invés de estragar a uva, ele irá causar o que chamamos de podridão nobre. O fungo se alimenta dos açúcares e do ácido tartárico de cada baga, penetrando os poros microscópicos da casca e fazendo assim com que os frutos murchem de dentro para fora. O resultado é uma uva concentrada, extremamente doce e rica em glicerina.
As safras são mínimas, o equivalente a uma taça por videira, e caso não atendam aos quesitos de qualidade, não haverá produção. O resultado é um vinho complexo e elegante, com aromas de frutas cítricas e tropicais, mel e especiarias. Seus sabores são intensos e persistentes, com a doçura equilibrada pela acidez, que o torna um vinho extremamente agradável de beber. Sua cor dourada brilhante e textura aveludada completam a experiência sensorial única proporcionada por este vinho.
Além disso, o Château d’Yquem tem o potencial de envelhecer por muitos anos, desenvolvendo aromas e sabores ainda mais complexos com o passar do tempo. É um vinho ideal para ser guardado e apreciado em ocasiões especiais.
Uma experiência memorável
Os vinhos icônicos da França representam a excelência da produção vinícola do país. Para os amantes do vinho, conhecer e degustar um desses ícones, além de uma experiência memorável, é sobretudo a oportunidade de mergulhar na tradição e no terroir da França, apreciando a qualidade e a história que estão presentes em cada garrafa.
É importante lembrar que esses vinhos são raros e cobiçados, frutos de um terroir excepcional, de produção limitada, além de um trabalho meticuloso e de anos de envelhecimento. Por isso, provar um desses ícones franceses é um privilégio que poucos podem ter, e o torna sua experiência ainda mais especial.
Portanto, se você tiver a sorte de provar um desses vinhos icônicos da França, prepare-se para se surpreender!