Château Lafite Rothschild: o verdadeiro valor de um vinho raro

Château Lafite Rothschild, ícone do mundo vinícola, é um dos primeiros nomes que pensamos quando se fala em rótulos…

vinhos de guarda

Château Lafite Rothschild, ícone do mundo vinícola, é um dos primeiros nomes que pensamos quando se fala em rótulos raros e de grande prestígio. Este vinho é uma expressão de tradição, qualidade e exclusividade que ultrapassa gerações, altamente cobiçado por colecionadores e amantes de vinho do mundo inteiro. Mas o que torna esse vinho tão especial e valioso, chegando a alcançar preços exorbitantes?

Neste artigo, vamos explorar a história do Château Lafite Rothschild e entender os fatores que contribuem para o valor desse ícone do mundo vinícola.

Breve história da vinícola Château Lafite Rothschild

O Château Lafite Rothschild, localizado na região de Pauillac, em Bordeaux, França, tem suas origens no século XVII. O nome “Lafite” deriva do termo la hite, que significa colina, e não é por acaso. Os vinhedos de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot situam-se em um morro de cascalho de frente para o Estuário do Gironde.

Ao longo de centenas de anos, o vinho teve apreciação de reis, rainhas e outras figuras importantes da história. Desde o início, a propriedade demonstrou um potencial notável para a produção de vinhos excepcionais, porém, foi apenas no século XVIII, sob a gestão do Marquês de Ségur, que a vinícola ganhou reconhecimento internacional.

Em 1855, o Château Lafite Rothschild recebeu o mais alto reconhecimento dos vinhos de Bordeaux e desde então ostenta a classificação de Premier Grand Cru Classé. A vinícola é uma das cinco que integram esse grupo seleto, ao lado do Château Haut-Brion, Château Latour, Château Margaux e Château Mouton-Rothschild.

Foi então, em 1868, que o barão James de Rothschild, pertencente a uma das famílias mais ricas e influentes da Europa, adquiriu a propriedade. Sua administração permitiu que a vinícola mantivesse uma produção constante de vinhos de alta qualidade, consolidando assim seu nome no mundo dos vinhos de prestígio, elevando-o ao status de ícone mundial.

Mas por que os vinhos Château Lafite Rothschild são tão caros?

Os vinhos Château Lafite Rothschild são notoriamente caros, e isso se deve a um conjunto de fatores que vão além da qualidade da uva. A primeira razão é o prestígio e a história da vinícola. 

Como um dos cinco Premier Grand Cru Classé de Bordeaux, o Château Lafite Rothschild detém uma reputação que poucos outros podem igualar. Esse reconhecimento não só justifica, mas também inflaciona os preços, especialmente em leilões, nos quais garrafas antigas podem alcançar cifras astronômicas. Uma garrafa já chegou ao arremate, em 2010, por US$ 837 mil!

Além disso, há a questão do mercado de colecionadores. Muitos investidores compram vinhos Château Lafite Rothschild não apenas para consumo, mas principalmente como um ativo valioso, cujo valor tende a aumentar com o tempo. Esse mercado super competitivo e especulativo impulsiona o aumento dos preços, tornando dessa maneira o vinho não apenas uma bebida, mas também um símbolo de status e um investimento seguro.

Contribui para o caráter de raridade e exclusividade a sua produção extremamente limitada. A vinícola possui apenas 112 hectares de vinhedos, com vinhas entre 35 e 40 anos de idade, mas algumas chegando até 140 anos, o que contribui para a produção de uvas de alta qualidade, porém em quantidade restrita.

Outro fator fundamental é o terroir excepcional de Pauillac, onde o Château Lafite Rothschild está situado. A combinação única de solo, clima e localização confere às uvas características específicas que se traduzem em vinhos de complexidade e elegância incomparáveis. Além disso, a vinificação rigorosa e os métodos tradicionais de envelhecimento em barricas de carvalho favorecem para a elaboração de vinhos de qualidade excepcional e incrível capacidade de envelhecimento.

Os cuidados especiais na produção de vinhos finos

A produção de um vinho de tamanho prestígio requer atenção e cuidado em cada detalhe. Desde o cultivo das vinhas até o engarrafamento, toda etapa exige um rigor que garante assim a manutenção e excelência do produto final.

Os vinhedos do Château Lafite Rothschild são predominantemente compostos por Cabernet Sauvignon, complementado por Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot. A escolha e o manejo das videiras ocorrem com extremo cuidado, levando em consideração fatores como por exemplo a idade das plantas, a densidade de plantio e o controle de rendimento e produção para garantir apenas a colheita das melhores uvas.

A influência do terroir

O terroir é um conceito fundamental na viticultura e refere-se à combinação única de solo, clima e topografia que influencia o caráter de um vinho. No caso do Château Lafite Rothschild, o terroir de Pauillac é particularmente especial. 

Os solos são predominantemente de cascalho, misturado à areia, o que proporciona excelente drenagem e força as raízes das videiras a se aprofundarem, buscando nutrientes e água. Isso resulta em frutos com concentração de sabores e taninos essenciais para a complexidade e longevidade de seus vinhos.

Além disso, a seleção rigorosa das uvas durante a colheita é essencial para manter a qualidade. Somente as uvas perfeitas, colhidas manualmente, são utilizadas na produção dos vinhos, garantindo assim que apenas o melhor do vinhedo chegue à taça do consumidor.

As principais safras do Château Lafite Rothschild

O prestígio dos vinhos do Château Lafite Rothschild está, em grande parte, associado às suas safras excepcionais. Cada safra é única, refletindo as condições climáticas daquele ano e as decisões tomadas durante o cultivo e a vinificação. Contudo, existem anos considerados emblemáticos, que se destacam pela sua qualidade, longevidade e complexidade. As grandes safras recentes são 2005, 2000, 1998, 1996, 1990, 1988, 1986, 1982, 1976, 1975, 1961, 1959, 1953, 1949, 1945, 1928 e 1927. 

Considera-se a safra 1982 uma das melhores do século, famosa pela sua opulência, equilíbrio e longevidade. As condições climáticas perfeitas durante o ano resultaram em uvas maduras e concentradas, produzindo assim um vinho com taninos sedosos, aromas intensos de frutas escuras, tabaco e especiarias, e um potencial de guarda extraordinário.

O ano de 2000 também merece destaque, marcando o início do novo milênio com vinhos excepcionais. O Château Lafite Rothschild 2000 é conhecido pela sua profundidade e complexidade, com notas de cassis, cedro e toques de grafite, características típicas dos grandes vinhos de Pauillac. É um vinho que evolui lindamente com o tempo e continua a impressionar críticos e colecionadores.

Outra safra excepcional, 2005, trouxe um vinho voluptuoso, com um perfil frutado exuberante, taninos refinados e uma textura sedosa. Suas notas de frutas vermelhas e de especiarias, além da acidez equilibrada, fazem dele um vinho elegante e de longa guarda.

Conclusão 

O Château Lafite Rothschild não é apenas um vinho, é um símbolo de prestígio, tradição e qualidade. Sua história centenária, o terroir excepcional e a exclusividade de seus vinhos explicam por que esses rótulos são tão valorizados e desejados. Por isso, o verdadeiro valor de um Château Lafite Rothschild vai muito além do preço da garrafa, representando a culminação de uma dedicação à excelência que poucos podem igualar.

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