O enoturismo no Estado de São Paulo durante o inverno

Com a chegada do inverno, as temperaturas mais baixas convidam a experiências únicas e acolhedoras, uma oportunidade perfeita para se aquecer com um bom vinho. E que tal então combinar esse prazer com um roteiro de enoturismo pelas belas vinícolas do Estado de São Paulo?

Esse tipo de turismo envolve a cultura do vinho, desde a colheita das uvas até o engarrafamento, incluindo visitas a vinícolas, degustações de vinhos e a possibilidade de conhecer todo o processo de produção. Assim, torna-se a opção ideal para quem busca um refúgio relaxante e cheio de sabor durante a estação mais fria do ano.

Vamos explorar neste artigo o enoturismo como um passeio para o inverno e destacar algumas regiões em São Paulo.

Enoturismo, o passeio ideal para o inverno

O enoturismo, ou turismo do vinho, é uma atividade que vem ganhando cada vez mais adeptos. Envolve a visitação a vinícolas e a degustação de vinhos, muitas vezes acompanhada de um mergulho na cultura local e na história das regiões produtoras. E no inverno, essa atividade ganha um charme ainda mais especial.

As temperaturas amenas proporcionam um clima agradável para os passeios pelas vinícolas, permitindo assim aos visitantes apreciarem um ambiente acolhedor para desfrutar de um bom vinho e se conectar com a natureza. Além disso, a estação propicia a degustação de vinhos tintos encorpados, ideais para harmonizar com pratos quentes e reconfortantes.

O enoturismo no Estado de São Paulo

O Estado de São Paulo possui um terroir único para a produção de vinhos. Isso porque conta com clima e solo ideais para o desenvolvimento de uvas de alta qualidade. Diversas regiões do estado se destacam no cenário vitivinícola brasileiro, oferecendo dessa maneira aos enoturistas experiências diferentes, com vinícolas dignas de premiação e paisagens de tirar o fôlego.

E no inverno, o cenário de grande parte das vinícolas de São Paulo se torna ainda mais encantador! Devido à técnica da dupla poda, que permite a inversão da safra do verão para o inverno, as videiras estão no auge da vindima, com as uvas prontas para a colheita. Assim, a estação proporciona aos visitantes a chance de vivenciar de perto o processo de colheita e produção dos vinhos. Durante o passeio, você participa de um momento que celebra o início de um novo ciclo.

Serra da Mantiqueira

A Serra da Mantiqueira é uma das regiões de maior destaque na produção de vinhos em São Paulo. Com altitudes que variam entre 1.000 e 2.000 metros, essa região oferece um terroir especial, que resulta em vinhos de alta qualidade. Aqui, as vinícolas oferecem experiências completas, incluindo passeios pelos vinhedos, visitas às adegas e degustações harmonizadas com produtos locais.

É na Serra da Mantiqueira que está a Vinícola Guaspari. Mais precisamente, na cidade de Espírito Santo do Pinhal, um dos principais destinos de enoturismo da região. Outras vinícolas, como a Villa Santa Maria, em São Bento do Sapucaí, e a Casa Verrone, em Itobi, também oferecem experiências memoráveis. Elas combinam a beleza natural da serra com a elegância de seus vinhos.

Jundiaí

Jundiaí leva o título de “Terra da Uva”. A cidade possui uma forte tradição na produção de uvas de mesa e vinhos, oferecendo assim diversas opções de roteiros enoturísticos e de turismo rural. Jundiaí abriga cerca de 22 vinícolas, e tamanha é sua vocação que em 2023 a Uva Niagara Rosada de Jundiahy recebeu a Indicação Geográfica (IG) do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), na categoria Indicação de Procedência, tornando a uva que nasceu ali, “marca registrada” da região de Jundiaí.

Muitas das vinícolas da cidade são familiares. São conhecidas pela hospitalidade e pelo cuidado na produção de vinhos artesanais, que podem ser degustados diretamente nas propriedades. As vinícolas Beraldo di Cale e Castanho são dois exemplos, oferecendo visitas guiadas que incluem um passeio pelos parreirais e degustações de vinhos e sucos de uva. A segunda, inclusive, produz vinhos premiados entre os melhores do Brasil, sendo dois deles o Syrah Poesia de Inverno e o Cave Chardonnay.

São Roque

São Roque, a cerca de 60 km da capital paulista, tem fama por seu Roteiro do Vinho, que reúne diversas vinícolas e adegas, além de pousadas e restaurantes. Além disso, a cidade realiza eventos temáticos que reúnem turistas durante o ano todo, como o Festival do Vinho de São Roque.

A Vinícola Góes é uma das mais visitadas, oferecendo uma infraestrutura completa para turistas, com visitas guiadas, degustações e um restaurante que serve pratos harmonizados com os vinhos produzidos no local. Além disso, a região é famosa pelo seu clima ameno e suas paisagens pitorescas.

As “Rotas do Vinho de São Paulo”

O enoturismo em São Paulo vem crescendo rapidamente, e o governo estadual lançou recentemente o programa “Rotas do Vinho de São Paulo”, que reúne vinícolas em cinco principais rotas turísticas. Essas rotas incluem: Alta Mogiana (Ribeirão Preto e região), Roteiro dos Bandeirantes (São Roque e região), Circuito das Frutas (Jundiaí e região), Serra dos Encontros (Espírito Santo do Pinhal e região), e Alto da Mantiqueira (São Bento do Sapucaí e região). Ao todo, são 66 vinícolas participantes, e ainda 23 produtores e estabelecimentos de alimentação, 50 atrativos turísticos, 20 queijarias e 12 produtores de charcutaria.

Essa iniciativa visa desenvolver o setor turístico e ampliar o reconhecimento dos vinhos paulistas, que vêm ganhando destaque em concursos nacionais e internacionais, como os da Vinícola Guaspari, em Espírito Santo do Pinhal.

Além de promover a rota, o governo paulista planeja oferecer linhas de crédito para incentivar investimentos nas vinícolas e em empreendimentos próximos às rotas, fortalecendo a infraestrutura de apoio ao turismo local. Esse projeto reflete um movimento crescente de valorização do produto local, o que inclui um aumento na produção de vinhos finos com técnicas inovadoras, como a dupla poda.

A vitivinicultura no Estado de São Paulo – um pouco de história

A vitivinicultura em São Paulo teve início em 1532, quando Martim Afonso de Souza introduziu videiras da Ilha da Madeira à Capitania de São Vicente. O Estado foi pioneiro no cultivo da videira no Brasil.

Apesar das dificuldades iniciais enfrentadas pelo primeiro viticultor, Brás Cubas, o cultivo prosperou ao se deslocar para o planalto, onde o clima era mais favorável. A partir do século XIX, a imigração europeia, especialmente italiana, trouxe novas variedades e impulsionou a produção em regiões como Serra da Mantiqueira e São Roque, formando as bases da tradição vitivinícola paulista.

Com o tempo, São Paulo se destacou na produção de uvas de mesa, como a Niagara Rosada, muito popular a partir de 1933. A pesquisa científica liderada pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) teve grande influência no desenvolvimento de híbridos e técnicas que impulsionaram a produção. No final do século XX, a produção local quase desapareceu com a ascensão dos vinhos do sul do país. Porém, o cultivo de uvas para o consumo in natura se manteve forte.

Nos anos 2000, a adoção da dupla poda revolucionou a produção de vinhos finos em São Paulo. Em especial, destaca-se o Espírito Santo do Pinhal e em demais cidades na região da Serra da Mantiqueira. A técnica, que permite colheitas no inverno, ajudou a melhorar a qualidade dos vinhos e atraiu investimentos no setor. Com prêmios internacionais e uma crescente demanda turística, São Paulo se consolidou como um novo polo vinícola, com destaque para o enoturismo e o aprimoramento de vinícolas regionais.

Conclusão 

O enoturismo no Estado de São Paulo é uma opção perfeita para os meses de inverno. Oferece aos visitantes a oportunidade de explorar belas paisagens, aprender sobre a produção de vinhos e degustar rótulos de alta qualidade. Regiões como a Serra da Mantiqueira, Jundiaí e São Roque são destinos que combinam tradição, inovação e hospitalidade. Dessa forma, proporcionam experiências inesquecíveis para os amantes do vinho.

Com as novas Rotas do Vinho de São Paulo, iniciativa do governo estadual, os turistas podem explorar vinícolas premiadas e paisagens únicas. Cada uma dessas rotas oferece experiências adaptadas ao terroir e às tradições locais, criando oportunidades de conhecer desde técnicas modernas, como a dupla poda, até práticas artesanais em vinícolas familiares. Essa é uma chance de vivenciar o potencial do vinho paulista, em constante evolução e reconhecimento.