Plantio de Oliveiras: Como entender a Olivicultura

A olivicultura, embora seja uma prática agrícola milenar em algumas regiões do mundo, é relativamente nova no Brasil. O…

A olivicultura, embora seja uma prática agrícola milenar em algumas regiões do mundo, é relativamente nova no Brasil. O desenvolvimento de olivais no país tem ganhado destaque, principalmente após o envolvimento da Embrapa em pesquisas para adaptar a planta ao território brasileiro. Conversamos com a Aline Belli, Supervisora de Pesquisa da Guaspari, para entender mais sobre o plantio de oliveiras. Falaremos também sobre as regiões mais propícias, os desafios que o cultivo envolve e a produção de azeites de alta qualidade. 

As condições ideais para o plantio de oliveiras

Solo

A oliveira é uma planta resistente, acostumada a um terroir composto por solos bem drenados e pobres em nutrientes, características típicas das regiões mediterrâneas. No Brasil, onde os solos são geralmente mais ricos, é necessário corrigir o pH para que se aproxime de um nível básico, entre 6,5 e 7. Essa correção ocorre a partir da aplicação anual de calcário, essencial para a saúde da planta e o desenvolvimento das raízes.

Ao final de cada ciclo produtivo, aplica-se diversas análises no solo para entender quais serão as necessidades de correção e manejo para o próximo ano de produção. Com base nesses resultados, monta-se toda a estratégia de plantio e acompanhamento da planta. 

Temperatura e Clima 

A oliveira necessita de uma faixa de temperatura específica para se desenvolver adequadamente. A planta prefere um clima que tenha variação entre 15°C e 22°C ao longo do ano. 

Por isso, o desafio é a combinação das condições ideais de calor e frio. Isso pois regiões que têm calor adequado muitas vezes não apresentam horas de frio necessárias para a quebra de dormência da planta e subsequente frutificação. 

No Brasil, as regiões serranas do Rio Grande do Sul e da Mantiqueira são as que mais se aproximam dessas condições. A planta também precisa de alta exposição solar e de um ambiente com bom arejamento, evitando áreas sombreadas e com alta umidade, que podem prejudicar a frutificação.

Adubação e podas

O solo mais fértil, aliado às temperaturas mais quentes no Brasil, favorecem o crescimento contínuo e, por isso, a oliveira requer podas anuais para controlar o vigor e garantir uma colheita eficaz. As podas ajudam a manter o tamanho da árvore, permitindo dessa maneira uma melhor exposição solar e um manejo mais eficiente durante a colheita.

Regiões do Brasil mais propícias para a olivicultura

Aqui no Brasil, as áreas mais favoráveis para o cultivo de oliveiras localizam-se nas regiões Sul e Sudeste do país. Respectivamente, no Rio Grande do Sul, e nas áreas de altitude da Serra da Mantiqueira em São Paulo e Minas Gerais. 

Esses locais oferecem condições climáticas mais próximas do ideal para o desenvolvimento das oliveiras, combinando frio e calor de forma que a planta se desenvolva e produza azeitonas de qualidade.

Os maiores desafios do plantio de oliveiras


Considera-se recente a prática da olivicultura no Brasil. Os primeiros estudos e aplicação de técnicas específicas tiveram início no começo dos anos 2000. A falta de estudos especializados sobre a adaptação das oliveiras ao solo e clima brasileiros torna o manejo da planta mais complexo, exigindo assim uma constante adaptação das técnicas de cultivo.

Além disso, a necessidade de podas frequentes e de um controle rigoroso sobre o desenvolvimento da planta demanda um grande esforço manual.

As alterações climáticas, oscilações de temperatura entre as estações e as características do solo brasileiro também estão entre os principais desafios para a ampliação do potencial de produção. 

Processo de amadurecimento e colheita  

O ciclo de amadurecimento das azeitonas começa no verão, geralmente em novembro, e se encerra na colheita, geralmente em janeiro, dependendo das condições climáticas. 

A rapidez do amadurecimento se dá pelo calor intenso, o que exige uma colheita mais rápida para garantir a qualidade da fruta. Após a colheita, a planta passa por uma poda de limpeza e adubações para preparar o solo para o próximo ciclo.

O que determina a qualidade das azeitonas?

A qualidade das azeitonas é determinada por uma série de fatores que incluem o cuidado no campo, a composição do solo, o clima e o ponto de maturação. Para garantir a excelência do azeite, são feitas conferências e análises semanais das características dos frutos durante o período de amadurecimento, para determinar o momento exato da colheita. 

Produção de azeites

A produção de azeite, especialmente do tipo extravirgem, exige rapidez no processamento das azeitonas após a colheita para assim evitar a oxidação e a perda de qualidade. A colheita é manual e com extremo cuidado no manejo de equipamentos para evitar, ao máximo, danos nos frutos. 

O azeite extravirgem é considerado o mais nobre devido à sua pureza e à baixa acidez, que deve ser inferior a 0,8%. A extração é feita a frio, preservando suas propriedades nutricionais e aromáticas. Diferente do vinho, que quanto mais tempo de maturação melhor, o azeite mais novo é que o possui as características mais acentuadas. 

Conclusão

O plantio de oliveiras em regiões brasileira, apesar de desafiadora, apresenta um grande potencial. A constante busca por técnicas específicas de cultura, a adaptação ao solo e às condições climáticas, permitem a produção de azeites extravirgens de alta qualidade, que recebem prêmios por sua composição. 

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